Quando é a hora certa de conversar com os adolescentes sobre namoro?


Por CNN em 13/Jun/2023

Período intenso de transformações e alterações hormonais, a adolescência também é marcada pelo início dos relacionamentos afetivos e sexuais da maior parte dos indivíduos.

Para os pais, é preciso paciência para lidar com mudanças de humor, comportamento arredio ou agressivo e um afastamento natural típico da transição entre a infância e a adolescência.

Se de um lado os pais se sentem “pisando em ovos”, por outro os adolescentes acham qualquer conversa um tipo de invasão de privacidade.

Neste campo minado, surgem inúmeras dúvidas: quando falar sobre namoro? Como fazer isso de maneira natural? O que ajuda a evitar o desconforto e constrangimento de ambas as partes?

Ponto de virada

Especialistas afirmam que não existe um momento exato para se ter uma conversa sobre namoro, considerando que cada indivíduo apresenta características e experiências únicas. No entanto, alguns sinais podem indicar aos pais que chegou o momento de entrar no assunto.

“Há um momento na vida de todo ser humano em que ele abandona a sua infância e começa a entrar na sua pré-adolescência. A pessoa começa a olhar o sexo oposto, ou dependendo da orientação sexual, o próprio sexo, com desejo, com vontade e com admiração. Elas começam a perceber que aquele amiguinho ou amiguinha que era chato ou feio, passa a ser interessante ou o foco de atenção. É neste momento que podemos começar a conversar com o adolescente sobre as relações amorosas e sobre namoro”, afirma Marcelo Santos, psicólogo clínico e docente de psicologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Nesse sentido, os pais podem observar com mais atenção pontos como a troca dos interesses dos filhos, a presença de novos “personagens” nas histórias que eles contam, além de mudanças de comportamento, como uma maior preocupação com a própria aparência.

“Não existe um momento exato para que isso aconteça, já que, aos poucos vamos percebendo as mudanças de interesse dos adolescentes, mas o caminho é o ideal é criar uma certa abertura para que eles conversem sobre qualquer assunto, seja sobre namoro, relacionamento e também sexualidade que será o próximo passo em um início de relacionamento”, diz a sexóloga e fisioterapeuta pélvica Débora Pádua.

O professor da Mackenzie destaca que assim como os demais âmbitos da vida dos adolescentes, os relacionamentos também tendem a ser marcados pela intensidade.

“Com a modernidade e principalmente com os avanços tecnológicos temos visto essa juventude começar as relações amorosas muito cedo. Quanto mais precoce você perceber que é o seu filho ou sua filha, mais cedo você deve sentar com ele ou com ela e explicar todas as implicações de uma relação amorosa”, afirma Santos. “Há um momento da vida do adolescente que as emoções são muito intensas. Tanto que, se por um lado ele vive um amor intenso e tem aquela ideologia de salvar o mundo, por outro lado, essa intensidade também pode gerar problemas”, completa.

Nesse contexto, ele afirma que a conversa entre pais e filhos pode ajudar a prevenir que os adolescentes se envolvam em relacionamentos abusivos.

“Os pais podem observar o quão precoce é o adolescente. Se ele já tem um interesse claro sobre manter relacionamentos ou mostra desejo por outras pessoas é interessante conversar e explicar o que é um relacionamento saudável, o que uma relação pode afetar na questão da saúde mental, qual o impacto na vida produtiva de uma pessoa. Deve-se esclarecer a esse adolescente o quanto envolve uma relação amorosa nas outras instâncias da vida”, afirma Santos.

Redução de barreiras

A adolescência é um momento de descobertas e não podemos impedir que esse processo ocorra naturalmente, afirma a sexóloga.

“Nosso papel precisa ser de orientação, ou seja, conversar aos poucos e dizer que percebeu que está surgindo um interesse sobre tal pessoa e se ele ou ela quer falar sobre isso, se tornar aberto ao assunto sem mostrar que isso será um problema”, diz.

A especialista afirma que uma maneira de fazer essa aproximação e quebrar o gelo pode ser contar aos filhos histórias da própria adolescência.

“Se você conseguir se aproximar do seu filho ou filha e ganhar sua confiança será cada vez mais fácil falar sobre assuntos mais delicados como sexualidade, visita ao ginecologista, uso de preservativo, evitar doenças e não transformar a sexualidade em um tabu que depois pode até criar traumas psicológicos e físicos na vida adulta”, afirma Débora.

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